top of page

Uma Breve História Sobre o Pastor de Shetland

The Book Of Shetland Sheepdog

( Autora : Anna Katherine Nicholas , Edição de 1984 )

 

Texto: O Livro de Pastor de Shetland

Tradução: Vivian Palhano

Data: 5 de julho de 2018

 

Os originais Pastores de Shetland eram exatamente o que o nome diz—cães-pastores nativos às Ilhas de Shetland, desenvolvidos na região como cães de pastoreio. Como toda a fauna das Ilhas de Shetland já era de tamanho reduzido, assim também eram os cães, que muito se pareciam com uma das raças mais amadas de todos os tempos, o Collie. 

Para pessoas comuns, um Pastor de Shetland ainda hoje é frequentemente chamado de "Collie miniatura"—um título impreciso em tempos modernos, onde  Pastores de Shetland de sangue puro vêm de pura linhagem "Sheltie" há muitas gerações. Em tempos antigos, porém, a relação claramente era existente. 

Tanto os primeiros Collies quanto os primeiros Pastores de Shetland existiam em dois tipos distintos e definitivos: cães de exposição e cães de trabalho. Infelizmente, ambos os tipos de ambas as raças eram registradas sob o mesmo nome julgados da mesma maneira, mesmo sendo que um tipo era mais semelhante ao Collie dos séculos XVII e XIX, enquanto que o outro tipo representava um cão muito mais semelhante ao Collie de exposição moderno—e ao Pastor de Shetland de exposição. 

É obvio que, durante aquele período, as opiniões deviam ser fortemente divididas quanto aos certos e errados de cada tipo de cão. Os "Cães da Ilha de Shetland" eram belos animaizinhos de tipo certamente utilitário; já os "Pastores de Shetland tipo-Collie de exposição" eram bem mais avançados em beleza e elegância—mais próximos dos tipos que admiramos nos dias de hoje. O líder dos criadores na ilha era um cavalheiro de Brixter nas Ilhas Shetland, chamado Dr. Bowie, que era o principal defensor da retenção dos Pastor de Shetland em sua forma original, e não um cão do "tipo-Collie de exposição". Dr. Bowie e seus seguidores mantiveram-se firmes neste assunto, levando seus pastores tipo-Collie de trabalho para competir lado a lado com os pastores tipo-Collie de exposição das demais facções. As decisões dos jurados, portanto (assim como julgamentos de cães hoje), eram altamente baseadas no tipo que cada jurado preferia; e como a descrição padrão era por volta disto, a maioria obviamente era a favor dos cães de exposição. 

Haviam largas variações nos tipos de pastor criados nas Ilhas Shetland, pois ainda que alguns eram cães tipo-Collie de trabalho, outros mostravam pouca ligação com os Collies (ou até mesmo os Shelties), principalmente em certas qualidades cefálicas, já que lemos sobre cães com cabeças de focinho curto, semelhantes aos de uma raposa. 

Com o aumentar das polêmicas, Dr. Bowie fora citado opondo-se a esforços de alterar ou padronizar a aparência da raça, com o argumento de que o resultado seria um pastor tipo-Collie de exposição que não teria nada a ver com as ilhas. Os que eram a favor de produzir os Pastores de Shetland, que eram em aparência Collies de exposição em miniatura, defendiam suas posições argumentando que tais ações não eram uma tentativa de alterar a raça. Pelo contrário, argumentavam que era um passo à frente, tanto para melhorar a raça quanto para alcançar uma uniformidade que consideravam essencial, a não ser que fosse permitido que cães, que em muitos casos eram considerados vira-latas, contaminassem a raça por conta de continuação incontrolável dentro da linhagem. 

Ainda mais controvérsia foi causada pelo fato de que os defensores dos cães de trabalho sentiam que o título de "Pastor de Shetland" deveria aplicar-se somente à raça da ilha, e seu uso não deveria ser permitido para os cães tipo-Collie de exposição em miniatura. 

Mais adiante, empilhando ainda mais os problemas, alguns dos criadores do tipo-Collie de exposição começaram a criar um "Toy Collie", um cão tamanho-brinquedo que poderia ter feito sucesso se houvesse recebido a própria classificação, porém nunca teve a chance. 

Pouco se sabe da história dos Pastores de Shetland além de que atraíam muito a atenção dos primeiros visitantes às Ilhas de Shetland, devido ao tamanho reduzido e à eficiência no trabalho. Não se pode recordar uma época em que eles não estivessem presentes, ou em que seu tamanho fosse outro sequer o característico diminutivo. Alguns especulavam que, como os famosos pôneis de Shetland, mini-ovelhas, e pequeno gado eram, como os cães, versões em miniatura de suas espécies, talvez algo no clima das ilhas de Shetland havia reduzido o tamanho de toda a fauna. Outros questionavam se, no caso dos cães, possa ter acontecido algum tipo de cruzamento entre Collies de trabalho e alguma raça menor, como por exemplo spaniels ou terriers, causando a redução no tamanho. Uma coisa se observa a respeito da segunda teoria (se é que realmente foi praticada): o Collie foi a raça dominante, pois mesmo com imensa diversidade de cor, manchas, tipo de cabeça, e expressões, a aparência do Collie havia, em diversos graus, permanecido. 

Ainda que Pastores de Shetland estavam sendo levados da ilha por visitantes, os criadores da ilha estavam a caminho de estabelecer seus cães como raça oficial, e de tê-los reconhecidos como tal pelo Kennel Club Stud Book, o livro de registros genealógicos do kennel club do Reino Unido. Foi assim que nasceu o primeiro clube de Pastores de Shetland, em Lerwick, capital das Ilhas Shetland, em 1908. Até mesmo a nomeação oficial da raça e do clube não ficaram isentos de problemas, já que "Collie de Shetland" foi considerado para ambos; isto recebeu fortes oposições pelo Clube de Collies da Grã Bretanha, que sentiam que os cães, sendo do tipo de ilha, não se conformavam aos padrões de seus tipos de exposição. Em 1908, o Clube Escocês de Pastores de Shetland foi criado, seguido pela Associação Britânica de Criadores de Pastor de Shetland e  mais adiante o Clube Inglês de Pastores de Shetland. Dois desses três sobreviveram. Além disso, em 1909 o Kennel Club concordou em reconhecer os Pastores de Shetland como uma "variedade distinta dos tipo-Collie de exposição", com os pardões criados adequadamente. Doze polegadas (trinta centímetros) foi o limite de altura estabelecido.

Pastor de Shetland.jpg
bottom of page